terça-feira, 20 de maio de 2008

Qualidade de Vida e Meio Ambiente





Desenvolvimento e Meio Ambiente
Valéria Leite Aranha (bióloga)



Estamos vivendo um período de transição histórica, no qual a consciência dos conflitos entre atividades e meio ambiente está literalmente explodindo... Jamais em nossa história tivemos tanto conhecimento, tecnologia e recursos. Em nenhum outro momento tivemos tantas capacidades. O tempo e as oportunidades vieram romper com as tendências negativas do passado.




Nossa vida está intimamente ligada aos recursos que o nosso planeta oferece: ar, água, terra, minerais, planta, animais. A extensão do impacto humano sobre a Terra depende do número de pessoas existentes e da quantidade de recursos utilizados. O uso máximo de recursos que o planeta ou uma determinada região pode sustentar define a sua capacidade de provisão. Esta capacidade pode ser aumentada pela agricultura e pela tecnologia, e geralmente isto ocorre à custa da redução da diversidade biológica ou da perturbação de processos ecológicos. A capacidade de provisão é limitada pela capacidade da natureza de se recompor ou absorver resíduos de modo seguro. As nossas civilizações estão hoje ameaçadas porque utilizamos mal os recursos e perturbamos os sistemas naturais. Estamos pressionando a Terra até os limites de sua capacidade.
Desde o início da era industrial, o número de seres humanos multiplicou-se e esse aumento na quantidade de seres humanos e de suas atividades teve um grande impacto sobre o meio ambiente. A diversidade de vida na Terra diminuiu. Em menos de duzentos anos, o planeta perdeu seis milhões de quilômetros quadrados de florestas. Há uma grande quantidade de terras desgastadas pela erosão e o volume de sedimentos nos rios cresceu três vezes nas principais bacias e oito vezes nas bacias menores e mais utilizadas. Os sistemas atmosféricos foram perturbados, gerando uma ameaça ao padrão climático; a poluição invadiu nosso ar, nossa terra e nossa água e tornou-se uma ameaça crescente à saúde.
Centenas de milhões de pessoas lutam na pobreza, privadas de uma qualidade de vida tolerável. A cada ano, milhões de pessoas morrem de desnutrição e de doenças que podem ser evitadas. Esta situação não é apenas injusta, ela ameaça a paz e a estabilidade de muitos países e do mundo.
Se tantas pessoas padecem hoje de uma qualidade de vida inadequada, como farão tantos bilhões a mais para conseguir a comida, a água, os cuidados médicos e o abrigo de que necessitam? Como poderemos sustentar este enorme aumento no número de seres humanos sem causar danos irreversíveis à Terra? Com certeza não será continuando a viver como fazemos hoje. É preciso encontrar novas maneiras de viver e se desenvolver, maneiras que preservem a vitalidade da Terra e que sejam, portanto, sustentáveis a longo prazo.
O desenvolvimento não pode ser sustentado com uma base de recursos naturais deteriorados, e o meio ambiente não pode ser protegido quando os projetos teimam em não levar em consideração o preço da destruição ambiental e em dispor de recursos para preveni-la. Para que as economias nacionais cresçam e sejam promissoras, os recursos naturais devem ser conservados.
Desenvolvimento sustentável é, em essência, integrado. Integra a preocupação em proteger a base dos recursos naturais com a preocupação em reduzir a pobreza, de modo que as pessoas não sejam forçadas a, destruir o solo e as florestas para sobreviverem. Ele integra a necessidade do uso sustentável e eficiente de energia para conservar as fontes de energia, com a necessidade de cidades despoluídas e ecossistemas globais preservados. Ele integra o valor da saúde humana com a importância dos recursos humanos para as economias nacionais.
O desenvolvimento sustentável apóia-se no reconhecimento de: a) qualidade ambiental e desenvolvimento econômico estão ligados, e o desenvolvimento e a economia devem estar integrados desde o início dos processos de formulação de decisões; b) desgastes ambientais estão inter-relacionados como, por exemplo, a derrubada de árvores que implica não apenas destruição de florestas, mas, também, uma aceleração da erosão do solo e assoreamento de rios e lagos; c) problemas econômicos e ambientais estão relacionados a muitos fatores sociais e políticos e o rápido crescimento populacional, que causa um profundo efeito no desenvolvimento e meio ambiente em muitas nações, é ocasionado, em parte, pela posição inferior das mulheres em tais sociedades; d) ecossistemas, poluição e fatores econômicos não respeitam fronteiras Tal integração deve também ser refletida em uma mudança institucional nas agências e organizações que criam programas que afetam o desenvolvimento. Elas devem unir desenvolvimento e meio ambiente; bem como atar os fatores sociais e políticos à indústria, agricultura e comércio. Elas devem contribuir ainda para a união de todos os países.

Uma sociedade sustentável é aquela que não coloca em risco o ar, a água, a terra, a vida vegetal e animal dos quais o nosso bem-estar depende.
Para que uma sociedade seja de fato sustentável, é necessário estabelecer os Princípios da Vida Sustentável tais como: respeitar e cuidar da comunidade; dos seres vivos; melhorar a qualidade de vida humana; conservar a vitalidade e diversidade do planeta Terra; permanecer nos limites da capacidade de suporte do planeta Terra; modificar atitudes e práticas pcssoais; permitir que as comunidades cuidem de seu próprio meio ambiente; gerar uma estrutura nacional para integração de desenvolvimento e conservação; construir uma aliança global.
A mais alarmante de todas as investidas do homem contra o meio ambiente é a contaminação do ar, terra, rios e mares com materiais nocivos ou até mesmo letais.
Essa poluição é, em grande parte, irrecuperável ; a cadeia do mal que ela induz não apenas no mundo que mantém a vida, mas nos tecidos vivos, é quase que totalmente irreversível.
Nessa atual contaminação universal do meio ambiente, os produtos químicos são os companheiros sinistros e pouco reconhecidos da radiação na mudança da natureza do mundo, da natureza da vida.



Matéria publicada na Revista CB Juris - Ano I - nº 2 - Junho/99
Matéria publicada em 01/05/2000 - Edição Número 9

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